O Cerrado ocupa mais de 2 milhões de quilômetros quadrados de extensão, o que corresponde a 22% do território brasileiro (MMA, s/d), sendo considerado o segundo maior bioma da América Latina. No entanto, grande parte de sua diversidade e da origem de sua formação encontra-se desconhecida e, portanto, é pouco valorizado nacionalmente. O fato de apresentar um ambiente consideravelmente seco e árido corroborou para que não fosse valorizado. Hoje, esforços de ONGs e outras instituições começaram a apresentar o Cerrado como atrativo pelas suas cachoeiras, chapadas e paisagens exóticas. Suas plantas que produzem frutos de sabor peculiar e outras tantas que possuem alto poder de utilização como medicamento ou para madeira, começam a chamar a atenção da população aos poucos. Além disso, O Cerrado é muito importante para o fornecimento de água, seja pelas suas águas subterrâneas presentes nos aquíferos, seja pelas nascentes de diversos rios que contribuem para a formação de importantes bacias hidrográficas do país.

Apesar de ter somente metade do tamanho do Bioma Amazônico, estudos mostram que o Cerrado é composto por quase o mesmo número de regiões ecológicas (ARRUDA, 2002). Essa heterogeneidade é provavelmente consequência das diferentes altitudes por onde o cerrado se estende, além da diversidade de solos, e de sua ligação com outros quatro biomas brasileiros: a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Caatinga. Nestas áreas de borda entre um bioma e outro, chamadas ecótonos ou zonas de transição, os biomas compartilham espécies e, geralmente, apresentam maior biodiversidade.

O Cerrado é considerado a savanas de maior biodiversidade do planeta. Nele ocorrem mais de 12 mil espécies vegetais, sendo 7 mil delas plantas vasculares e 44% destas são endêmicas do bioma (KLINK, MACHADO, 2005). Já se sabe que mais de 700 de suas espécies vegetais apresentam potencial para uso humano, como alimento, fonte de madeira, fabricação de cosméticos e medicamentos, e muito mais. Além desta riqueza, atualmente se conhecem cerca de 900 espécies de fungos, que não são vegetais, mas um reino a parte. Mas, estima-se que possam existir mais de 38 mil espécies no Cerrado.

A fauna do Cerrado também é muito rica. Mesmo com índices menores que da flora, seus números ainda são impressionantes. Somente entre os vertebrados, há cerca de 830 espécies de aves e 1.200 de peixes, havendo 20% e 30% de endemismo na fauna de répteis e anfíbios, respectivamente. Se sua fauna de vertebrados é pouco conhecida, a de invertebrados é menos ainda. Há estimativas que indicam haver cerca de 90 mil espécies de invertebrados no Cerrado (DIAS, 1992). Outros estudos, estimam que este bioma abriga 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins de toda Região Neotropical (CAVALCANTI; JOLY, 2002).

Paisagens exuberantes, céu de muitas estrelas, belos fins-de-tarde nas chapadas, rios e cachoeiras, combinações de campos e florestas, arbustos tortuosos e coloridas flores com diferentes formatos, ambientes abertos que facilitam a visualização da fauna, cavernas, pinturas rupestres, cidades históricas, populações quilombola e tradicionais… Estes são alguns dos aspectos que podem ser explorados, de forma responsável e sustentável, pelo turismo. Estas atividades crescem a cada ano pela demanda de um público que busca paisagens exóticas para conhecer. Se bem implementado, o retorno em benefícios sociais e econômicos para a região é grande. São formas de conciliar uso e desenvolvimento econômico e social, conservando os recursos naturais e serviços ambientais, além de colaborar para a educação ambiental. Conhecer e valorizar os biomas brasileiros são fundamentais para sua preservação.

O Cerrado também é fundamental para a manutenção do equilíbrio hidrológico no país. Apesar do clima árido com períodos de seca, as águas das chuvas penetram no solo esponjoso e abastecem aquíferos e nascentes. O subsolo da região consegue armazenar grande quantidade de água, por isso ele é chamado por alguns de “caixa d’água” do continente. Dentre os reservatórios presentes no Cerrado, destaca-se o do Aquífero Guarani, que é o maior do mundo. Além de fornecer água para outras regiões brasileiras, ele também abastece outros países vizinhos. O Cerrado abriga as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Amazônica, São Francisco e Prata.

Fontes:

ARRUDA, M.B. 2002. Representatividade ecológica com base na biogeografia e ecorregiões continentais do Brasil: O caso do bioma Cerrado. Tese. UnB : Brasília. 176pp.

BUSCHBACHER, R. (org.). 2000. Expansão agrícola e perda da biodiversidade no Cerrado: origens históricas e o papel do comércio internacional. WWF : Brasília.

KLINK, C. A., MACHADO, R. B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro. In: Megadiversidade. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade no Brasil. Vol 1, 1: 147-155. Belo Horizonte: Conservação Internacional.

DIAS, B. F. S. 1992. Alternativas de desenvolvimento dos Cerrados: manejo e conservação dos recursos naturais renováveis. IBAMA, FUNATURA : Brasília.

CAVALCANTI, R.; JOLY, C. 2002. The conservation of the Cerrados. In: OLIVIERA, P. S.; MARQUIS, R. J. (ed.) The Cerrado of Brazil. Ecology and natural history of a notropical savanna. Pp. 351-367. Columbia Univ. Press : New York.

MMA – Ministério do Meio Ambiente. s/d. O bioma Cerrado. Disponível em: <http://mma.gov.br/biomas/cerrado>. Acesso em junho de 2015.

BRASIL. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. Brasília : MICT/MMA, 1994.

http://www.esalq.usp.br/departamentos/lgn/pub/seminar/CGrando-200801-Resumo.pdf

https://secom.ufg.br/n/100184-especial-dia-do-cerrado-as-verdades-por-tras-do-cerrado